quarta-feira, 12 de maio de 2010

(Irajá): Ilhas: Vc não acha q já é hora da gente se conhecer? pessoalmente, digo... pelas previsões meteorológicas, parece q ñ tem erro... e... bem... o q vc acharia de um passeio de veleiro pelo Guaíba? Iríamos nós e o meu comandante... o Domenico, uma figura, cheio de histórias para contar. Normalmente ele leva seu filho, um garoto de oito, nove anos, mais ou menos... Gostaria?
(Obirici): Dia de sol, festa de luz...: Tá falando sério? Pô, que idéia genial! Claro, eu adoraria! Só fiz esse passeio, quer dizer, aquele do Cisne Branco, uma vez, e achei incrível a cidade vista por esse ângulo. Pode ser nesse domingo, sim.
Durante essa primeira fase, de comum acordo, decidiram conhecer um ao outro sem pressa, e da forma mais natural possível. Deixando, inclusive, de trocar fotos ou de se falar ao telefone, para garantir a surpresa e o frisson do primeiro encontro.

Na sexta até que André tentou dar uma saída com os amigos. Mais desligado do que nunca, num determinado momento, como que “acordou”, percebendo os olhares e os risos.
- Tá viajando, cara?... – cutucou Léo, seu melhor amigo.
- Há horas... – falou Mateus, outro velho camarada.
- Acho que ele tá apaixonado – pescou Marta, uma das gurias que freqüentava a roda das sextas.
- Pior, deve ser estafa, acho que vou me retirar... – disfarçou, olhando o relógio.
Na ida para casa, dando uma carona para Léo, contou a história.
- ...e amanhã vou levá-la para um passeio de barco.

Beatriz, tentando fazer com que o tempo corresse para ver chegar logo o dia seguinte, foi à casa da avó. De Teresa não podia esconder nada, era como se ela lesse a sua alma.
- Novidades?... Sinto que há algo no ar, além desse perfume de gardênias!... – e, com seu jeito descomplicado, fez a garota se abrir.
- Ah, Vó... ele parece legal... E eu sei que a gente não pode ter preconceito, mas tenho medo que o cara seja um filhinho de papai. Tem até iate, veleiro, sei lá... detesto boy!
- Ih, guria, era só o que faltava. A gente ter te deixado com preconceito ao contrário... – e deu uma gargalhada, concluindo, irônica: – Ninguém tem culpa de ter nascido rico. O que importa é o quê o cara faz do seu dinheiro, como conduz a sua vida... tem muita gente decente que batalhou para ter o que tem, também não dá pra radicalizar... Seja como for, sinto que aí tem coisa... quente!!! – e mudando a expressão para uma cara apreensiva: – Mas vais... sozinha?... te encontrar com ele e com esse tal funcionário?... Isso sim me preocupa. Não o conheces bem ainda... que tal se alguém te acompanhasse até lá? Hoje em dia...
- Bem, posso convidar o primo Tadeu, ele até vai se divertir com o tal garoto – e acendendo um brilho divertido no olhar, lembrou: – E o Bruno?Que tal se eu levasse o Bruno?... – e Teresa riu mais ainda. Aquela era a sua Bia! Tão criança ainda, a ponto de querer levar um cachorro num primeiro encontro!
– Mas acho que a gente não precisa mesmo se preocupar, bobagem minha. É claro que ele é do bem... Um boy não ia gostar das músicas, dos filmes e das séries que ele gosta... e muito menos um psicótico! – e foi a sua vez de sorrir, balançando a cabeça e recuperando o natural entusiasmo.
Balançando também estava o rabo de Bruno, que sentando à sua frente, ofereceu-lhe uma bola, convidando-a para brincar. Este, era um dos três vira-latas recolhido das ruas pela então menina, que, para ele, seria sua eterna dona. Ficava com Teresa e Armando, pois ali poderia ser mais bem cuidado, já que, na casa de Bia todos ficavam fora a maior parte do tempo. Mas como moravam pertinho, Bia não passava praticamente nenhum dia sem visitá-lo. Mal chegava, ele começava a pular a seu redor, fazendo-lhe festa, babando um pouquinho e trazendo todos os seus tesouros para depositá-los a seus pés, como um sinal de eterna gratidão: um chinelo de Armando, um pedaço de pau ou até um osso. Dessa vez, era uma bola. Sempre alegre, tão bom de brincadeira como de guarda, ao menor sinal ou som que entendia como perigo,saia levantando as orelhas e pronto para o ataque. Depois de ter se exibido de todas as maneiras, agora repousava a seus pés, de barriga para cima.

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